segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Desabafo de uma tia.


Eu e minha família estamos nos recuperando de uma lamentável perda. Meu sobrinho de dezessete anos veio a falecer após seis dias de cirurgia [de redução de estômago].

Tudo correu bem durante a mesma, não havendo necessidade de CTI: foi direto para o quarto. No terceiro dia pós cirúrgico teve alta. Já em casa, demonstrava sinais de fraquezas e os vômitos eram constantes e preocupantes, com barulhos (ânsias) estarrecedores. Aparentava uma certa decepção com aquelas reações incômodas. Tudo que ingeria (somente líquidos) não parava em seu estômago.

Seus pais entraram em contato com o médico, que dizia serem normais estas reações. Quando seu pai o auxiliava no banho, teve um súbito desmaio. Fiquei na tarefa de pedir socorro, pois já imaginava o pior e tinha visto ele sofrer muito nestes dois dias que retornara para casa e queria me poupar de futuros traumas, Deus sabia que não iria suportar.

Meu cunhado apareceu o mais rápido possível com carro para levá-lo ao pronto socorro. Infelizmente o serviço de atendimento de urgência da minha cidade é um órgão incompetente, e sugeriu que o levássemos a unidade de atendimento de urgência mais próximo da minha residência e não foi submetido aos primeiros socorros, que provavelmente (talvez) seriam inutéis, pois segundo algumas pessoas que nos ajudaram a transportá-lo até o carro já demostrava sinais de óbito.

No P.S. tentaram reanimá-lo, mas infelizmente os médicos constataram sua morte. Está sendo muito difícil para toda a família, jamais imaginávamos perder alguém tão jovem na família ,cheio de sonhos.

Com muita fé em Deus estamos dando força um para o outro, fazemos parte de uma família numerosa (15 filhos), e sabemos que podemos dividir esta dor. Seus pais e irmãos aos poucos estão sendo refrigerados pela fé que têm em Deus. Temos a consciência que o Nosso Amado, mesmo que na sua eloquência nos fará uma falta enorme, um vazio… faltará sempre um pedaço de nós.

Antes da cirurgia ele estava pesando 138kg. Revendo o álbum de família percebi o quanto seu físico o incomodava: nas reuniões em família ficava sempre nos cantinhos e com os mesmos primos, que têm mais ou menos a sua idade.Sinto muito, diante do meu amor incondicional de tia, não ter percebido, e enxergado o quanto se sentia, talvez “diferente” e rotulado pelos olhares de reprovação de uma sociedade que idealiza somente biotipo físico dentro de uma normalidade padrão.

Fazer esta cirurgia não foi uma decisão de um dia para o outro. Foram três meses de tratamento físicos e psicológicos. Estamos agora na fase do “SE” (se tivesse feito isso, se não tivesse feito aquilo), elaboramos hipóteses questionando sobre a cirurgia e sua eventuais complicações. Segundo sua mãe, ao ir para o hospital fazer a cirurgia, no percurso, estava muito feliz. Depositara nela (cirurgia) toda sua esperança de ter uma vida feliz e de qualidade, mas o resultado não foi como esperávamos. Na verdade, sentia-me insegura quanto à cirurgia, pois já havia escutado muitas histórias negativas por aí. Sou de uma família com tendência a obesidade, inclusive eu mesma estou na luta para emagrecer desde a minha adolescência, vivo no temido efeito ioiô. Apesar de passar por todas as dificuldades de uma pessoa acima do peso em todos os sentidos, não imaginava que o nosso Teteuzinho era vítima dos mesmos conflitos pessoais que vivi e vivo, pois o aceitávámos acima de qualquer situação, e erramos (talvez) por amá-lo demais. A cirurgia, no entanto, pode ter sido prematura.

O que nos conforta é o fato de trabalharmos com a possibilidade dele correr risco de morte com o seu sobrepeso. A cirurgia não foi uma medida acertada e feliz, mas poderia ter um ataque cardíaco a qualquer hora, pois não há coração que aguente. E aí…como ficaríamos se ele não tivesse tentado?

Mas só sei de uma coisa: redução de estômago na minha família hoje é um assunto OFF. Sabemos que cada caso é um caso, mas diante dessa situação optamos trabalhar com outras possibilidades.

Forte abraço!

Orem, pensem, pesquisem, orientem-se antes de tomar qualquer decisão que possa mudar sua vida e das pessoas que os cercam. Em suas orações lembrem-se de nós!


Nenhum comentário: