FOLHA – Como é voltar para casa?
CHIQUINHO SCARPA – Depois de ter sofrido cinco operações e ter recebido a extrema-unção duas vezes, nada melhor do que estar em casa.
FOLHA – Extrema-unção?
SCARPA – É verdade. Fui dado como clinicamente morto duas vezes, então minha família chamou o padre Gonçalo uma vez e, na segunda, para não repetir o padre, chamaram um da igreja Nossa Senhora do Brasil.
FOLHA – Como é acordar depois de 45 dias em coma?
SCARPA – Você acorda completamente dopado. Eu voltei a raciocinar faz uns quatro, cinco dias. Com o fato de eu ter deitado há muito tempo, os músculos desaparecem. Minha grande sorte é que sou faixa-preta em aikidô. Tenho uma vida esportiva muito rígida. O meu pessoal [dos treinos da arte marcial] é que dá aula para o GOE (Grupo de Operações Especiais da polícia de São Paulo). Agora já mexo as mãos, os braços. Só faltam as pernas, por isso tenho que exercitá-las todos os dias
FOLHA – Já leu reportagens sobre sua internação?
SCARPA – Como eu não estou articulando bem a vista, não li nenhuma notícia ou cartas. Mas, quero responder a todos [os que lhe escreveram] de próprio punho.
FOLHA – O que causou a complicação da cirurgia?
SCARPA – A operação do estômago foi um sucesso. Quando cheguei aqui em casa, os pontos do estômago romperam e voltei para o hospital Sírio-Libanês. Peguei todas as bactérias possíveis e imagináveis. Tem uma bactéria muito rara que só três pessoas no mundo pegaram e eu fui a quarta pessoa. A gozação lá no Sírio-Libanês era essa: “Até isso você faz diferente”. Fui cuidado por uma equipe de 12 médicos, todos de primeira.
FOLHA – Faltaram cuidados no pós-operatório?
SCARPA – Falam que eu me descuidei, mas não dava nem tempo, porque cheguei da operação à tarde e, à noite, eu voltei para o hospital. Nem dormi.
FOLHA – A cirurgia de redução de estômago era mesmo necessária?
SCARPA – Eu engordei muito. Estava com 118 kg, o que é muito para 1,71 m de altura. No hospital, perdi líquido, e saí pesando 102 kg. Mas acho que não emagreci [em gordura]. Quero chegar aos 80 kg. Disseram que tomei muito líquido após a cirurgia. Pode até ser. Mas tudo bem, agora estou em plena recuperação.
FOLHA – Arrependeu-se da cirurgia?
SCARPA – Por enquanto, estou arrependido. Mas é algo para o resto da vida. Minha irmã Fátima fez e perdeu 58 kg, mas deixaram o estômago dela menor, só pode comer 25 mililitros, senão vomita. O meu tem 500 mililitros. Dá para comer uma picanha inteira.
FOLHA – Qual sua programação ?
SCARPA – É aquela programação chata: acorda, faz fisioterapia, toma banho, almoça… Agora já estou fazendo a barba. Ando meia hora com fisioterapeuta, depois acordo e vou ver um filme. Mas não entrei mais na internet, não mexi mais em computador. E nem os amigos eu posso receber pessoalmente. Os médicos proibiram qualquer emoção. Agora a Rosi ( minha mulher) passou o telefone debaixo do pano, porque assim falo com alguém. Estou falando dentro do banheiro. Se [os enfermeiros] me pegam aqui, me fuzilam.
Um comentário:
chiquinho
fiquei feliz em saber que vc esta bem, se recuoerando... que Deus esteja com vc ele fez um milagre na sua vida! estava procurando sobre vc pq quero fazer A CIRURGIA, E como vc ficou em coma fiquei muito preocupada... que bom q deu tudo certo , quero ve-lo na tv dando uma entrevista de vitoria .
um brande abraço!
RAQUEL FERNANDA PORTO
OSASCO-SP
Postar um comentário