quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Tratamento nutricional

Muito pouco se encontra na literatura sobre um acompanhamento nutricional objetivando uma nutrição celular adequada. A maior parte das bibliografias se referem, ao indicar a alimentação dos pacientes operados, à consistência das dietas, à necessidade da mastigação exaustiva para o sucesso das cirurgias e à quantidade calórica e de gordura da dieta. Indiscutível que esses fatores são muito importantes, porém, para que se proporcione uma perda de peso efetiva e estável, ao mesmo tempo que se promova uma qualidade de vida gerando um bem estar físico, mental e emocional, é determinante se lembrar da individualidade bioquímica, da qualidade nutricional da alimentação e das suplementações nutricionais. Também é necessário ainda o cuidado para que estes nutrientes, tanto da alimentação quanto da suplementação estejam biodisponíveis, isto é, sejam efetivamente utilizados pelas células, e não que apenas sejam ingeridos, havendo o risco de trocar os problemas que existem com o sobrepeso com os riscos de desnutrição.

Acompanhamento pré-cirúrgico:

Só o profissional nutricionista tem embasamento para fazer o acompanhamento nutricional que deve iniciar-se antes da cirurgia pois, um indivíduo que se submete à uma cirurgia bariátrica, seja ela qual for, já vem de uma série de tentativas frustradas para emagrecer, submetendo-se a todos os tipos de desequilíbrios nutricionais, e na maior parte das vezes, enxerga na cirurgia o “milagre” procurado a vida inteira, achando que depois de operado não precisará mais se preocupar em “fazer dieta”, sendo determinante o acompanhamento nutricional para detectar erros alimentares existentes, carências nutricionais, interrelacionar os mesmos com os sintomas apresentados pelo paciente e esclarecer o papel do hábito alimentar adequado e dos nutrientes na saúde física, mental e emocional e também na prevenção das doenças, e não simplesmente o “alimento como o que engorda ou emagrece”.

A própria cirurgia gera um estresse tanto físico, quanto emocional, levando a carências mais acentuadas dos nutrientes que precisam gerenciar estes desgastes. Somando-se a estes fatores, a alimentação que se segue à cirurgia deve ser líquida e em pequenas quantidades, dificilmente atingindo até mesmo o metabolismo basal, daí a necessidade em suplementar nutricionalmente, pois só com a alimentação fica inviável atingir um mínimo necessário dos nutrientes essenciais para manter as funções orgânicas, quanto mais otimizar estes processos, buscando alcançar o melhor estado de saúde. Portanto, esclarecer melhor o paciente sobre todos os processos que ele irá passar e prepará-lo melhor nutricionalmente para dar um melhor suporte físico e emocional, utilizando para isso todos os recursos atualmente disponíveis, tanto na alimentação quanto na suplementação , fazem parte do preparo para a cirurgia e sucesso do tratamento.

Como já visto, o ideal é que a suplementação se inicie antes do processo cirúrgico, visando:

- corrigir os desequilíbrios entre os nutrientes, que provavelmente vêm de longa data;

- estimular as defesas do organismo, evitando as infecções;

- melhorar a cicatrização e reduzir riscos de efeitos colaterais da cirurgia e de desnutrição, prevenindo inclusive anemias e depressão fisiológica;

- favorecer a integridade da parede intestinal para haver uma melhor absorção dos nutrientes ingeridos, prevenir a absorção de xenobióticos e macromoléculas ( que podem gerar alergias alimentares ) e ainda garantir uma melhor produção de neurotransmissores pela parede intestinal. Para tanto, na maior parte dos casos,é necessária a suplementação de pré e probióticos e de nutrientes que são matéria–prima para a formação e boa manutenção da mucosa intestinal como zinco, ácido-fólico, vitamina A, entre outros, assim como em determinados casos a L-glutamina.

É importante lembrar que tanto quanto os aminoácidos e ácidos graxos essenciais, é só através da ingestão que obteremos os minerais e níveis adequados de vitaminas.

A utilização da gordura como energia pelo organismo depende da presença de vários outros nutrientes, e muitas vezes a dificuldade deste processo pode estar sendo determinado pelas carências nutricionais. Os excessos podem contribuir para aumento de gordura corporal, porém as carências não deixam que a gordura já acumulada seja utilizada efetivamente, favorecendo a uma utilização maior da massa magra como energia e conseqüente perda de líquidos, diminuindo o peso total na balança, porém sem redução efetiva da gordura corporal.

Nenhum comentário: