domingo, 6 de junho de 2010

Depoimento Mônica Innocêncio.


"Minha história com a obesidade vem desde a minha infância. Minha lembrança mais remota é de uma menina gorda sofrendo deboches na escola. Era a rainha dos apelidos maldosos. Penso que se toda essa informação sobre bulliyng que temos hoje, existisse naquela época, eu seria uma das vítimas mais costumeiras. Minha mãe vivia comigo de médico em médico fazendo tratamentos e sempre preocupada com minha saúde. Afinal aos 10 anos eu já pesava 70 quilos. Alguns tratamentos sempre davam resultados, mas a medida que o tempo ia passando, a danada voltava e lá estava eu de novo gorda. Na adolescência a obesidade se tornou minha pior inimiga pois me impedia de namorar. Me apaixonava pelos meninos mas eles não estavam nem aí pra mim. Eu era só a amiga, mais nada. Com 18 anos conheci as anfetaminas e com elas uma nova possibilidade de ser feliz. Comecei a tomar todo dia e emagraci 40 quilos em pouco mais de 3 meses. Me sentia linda, desejada...não ficava sem receber elegios e beijar na boca...rs. Tomei anfetaminas por uns 4 anos e aí os efeitos colaterais começaram a aparecer (ou eu comecei a me dar conta, sei lá). Estava depdendente deles, se parava de tomar um mês, engordava e voltava a tomar. Estava nervosa, agitada, arrumando confusão com todo mundo. Até que minha mãe me disse pra parar senão eu iria enlouquecer. Parei aos 22 anos e em pouco mais de 10 anos engordei 80 quilos. Casei com 27 anos e 110 quilos. A vida foi seguindo e minha saúde piorando. Sofria de hipertensão, diabetes, apneia do sono, dores nos joelhos...enfim...muitas doenças associadas à obesidade mórbida grau III, que era onde eu havia chegado. Aos 28 anos fui internada em uma emergência com uma pressão arterial de 300x200 e a médica que me atendeu usou 3 aparelhos de pressão diferentes pensando que estavam com defeito, tamanha era a discrepância nos valores. Depois de confirmada a pressão, ela virou pra mim e disse: "Olha, tenho 15 anos de profissão e já vi gente morrer de AVC com 220X190, agora você aqui assim, pra mim é milagre. Ou Deus tem um propósito na sua vida muito grande ou não te quer lá por cima de jeito nenhum...rs". Me aconselhou a procurar ajuda médica e a tentar emagrecer o mais rápido possível, pois se continuasse assim não viveria nem um ano mais. Fui transferida para uma UTI e saí de lá com 160X140 (ainda alta). Fui pra casa e comecei a pesquisar planos de saúde que me operassem. Passei a pagar um plano e me preparar pra fazer a bariátrica. Seis anos depois operei, com 34 anos e 141 kg. Meu IMC era de 58 e meu grau de obesidade havia passado de III para superobesidade. Desde então, já eliminei 60 quilos (havia eliminado 68, mas recuperei 8 devido a má qualidade da alimentação). Minha luta contra a doença é constante e percebo que esse passo foi definitivo. Sempre fui e sempre serei uma pessoas gorda. O que acontece agora é que ESTOU MAGRA. Mas minha cabeça continua gorda e se me descuidar posso ganhar peso novamente e colocar tudo a perder. Por isso, estou sempre em contato com a equipe que me operou e faço o acompanhamento anual. Brinco que me casei com a equipe e que agora só a morte nos separa...rs." Mônica Innocêncio Ribeiro

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