segunda-feira, 3 de maio de 2010

Emagrecimento


"Eu venci!"
Depois de anos convivendo com a obesidade, Soraia Duduss Alarcon, 31 anos, colocou um ponto final no vaivém da balança. Eliminou 52 kg através da cirurgia de redução de estômago e passou a escrever uma nova história: a de sucesso!

por Shirley Santos fotos: Caio Mello

A "Saquinho de ossos". Era assim que Soraia costumava ouvir sua mãe chamá-la. A preocupação com a então menina que tinha dificuldade de engordar (isso mesmo, engordar!), era tanta, que desde cedo começou a tomar vitaminas do complexo B e outros fortificantes para "abrir" o apetite. "Em casa, as refeições eram sempre saudáveis, mas depois eu me rendia às caixas de bombons", relembra. Até então, nem os doces eram capazes de "ameaçar" sua boa forma. Mas aos 15 anos... "Com a revolução dos hormônios na adolescência, todo o esforço para adquirir peso veio à tona e engordei 19 kg em quatro meses", relembra.

O susto foi grande. A solução encontrada? "Comecei a caminhar três horas, diariamente, no parque da cidade. Além disso, incorporei ao meu cardápio o suco de laranja. No entanto, não era simplesmente para acompanhar as refeições. Era o dia inteiro! A bebida substituía o meu café da manhã, o almoço, o lanche e o jantar. Não tinha a mínima noção do risco que tal conduta representava à minha saúde", confessa.

A partir desse momento, ela passou a conhecer os percalços de uma dieta descontrolada, na qual todas as tentativas para afinar acabavam sempre em frustração. E quem não conhece o martírio do efeito sanfona? Pois Soraia o vivenciou. "Por vários anos vi o ponteiro da balança alternar, sem conseguir me desvencilhar da comilança. Tentava, inutilmente, emagrecer com regimes que só surtiam efeito por algum tempo. Um desastre!"

A situação tornou-se ainda mais delicada quando, anos mais tarde, ela teve que deixar a casa dos pais para cursar a faculdade de Direito. "Morando sozinha foi ainda mais complicado conter a compulsão alimentar. A necessidade de ser prática, em razão da falta de tempo para preparar as refeições, fez com que eu extrapolasse e colocasse todas as guloseimas existentes na geladeira", conta.


" É preciso ter coragem para reescrever a sua história. Foi assim que eu consegui vencer a obesidade"

Lá vai o ponteiro... Saborear, sem limites, todas as doces delícias teve um preço amargo. "Estava insatisfeita com a minha imagem. Meu jeans 'insistia' em não servir e, vez ou outra, ainda tinha que ouvir a famosa frase 'você precisa perder uns quilos hein?!'. Sentia-me desanimada. Era um verdadeiro drama!", revela.

O sobrepeso, no entanto, não impediu o curso natural da sua vida. Concluiu a faculdade e, aos 23 anos, se casou. Na ocasião, ela pesou exatos 88 kg. "Além destes, mais 31 se somaram. Cheguei aos 119 kg na primeira gravidez. Um absurdo! Na fase da gestação engordava até 'com ar'. Um desespero para mim e os médicos que me assistiam." O saldo final? "Felizmente, tudo correu bem e consegui emagrecer 23 kg após esta gestação", conta.

Soraia só não contava que após o nascimento da primeira filha, os estratosféricos 119kg voltassem, fruto de uma segunda gravidez. "Na época, minha pequena tinha apenas 1 ano e meio. A consciência para não engordar nesta gestação era grande, mas o meu apetite foi bem maior. No auge da gula, cheguei a devorar um lanche de baguete, três brigadeirões e litros de refrigerante!", exclama.

O estímulo que faltava O desejo de colocar um ponto final nos três dígitos e na história do "engorda-emagrece- engorda", foi impulsionado com um exemplo bem próximo. "Em 2006 minha irmã que pesava 135 quilos submeteu-se à gastroplastia. Um procedimento que eu, a princípio, criticava. Como a acompanhei no processo de recuperação, percebi que o 'sacrifício' dessa cirurgia consistia em controlar as porções ingeridas, sem exageros. O fato é que ela ficou fantástica. Linda de viver e, o que é melhor, comia muito bem. Vêla, alimentando-se como uma pessoa magra, me fez pensar...'é isso que eu quero'".

Soraia resolveu, então, procurar o médico da irmã. "Nesta primeira consulta compreendi que a dificuldade em emagrecer não estava ligada à minha falta de determinação. Soube que o organismo de uma pessoa obesa tem uma dificuldade natural para reduzir peso. Enfim, não era somente 'culpa minha'".

Decidida e munida do apoio da família, se submeteu à cirurgia. "Encarei todo o processo com bom humor. Até mesmo quando, semanas após a intervenção, tive que me conter perante a maravilhosa ceia de Natal e me contentar com uma singela garrafinha de gatorade", brinca.

Descuidar, nem pensar! Quando o assunto é bem-estar, Soraia fala sério. "Em julho deste ano, a cirurgia completa um ano e meio. Confesso que me sinto cada vez mais consciente dos cuidados que preciso ter com a manutenção do peso e, sobretudo, com a minha saúde. A cada três meses realizo exames preventivos, os quais, aliás, estão excelentes. Sou muito regrada com a alimentação. Reaprendi a me alimentar e não excedo em quantidade, gorduras e açúcares. Aliei ao meu dia-a-dia os exercícios físicos, que só me trazem benefícios", ensina.

A autoconfiança que adquiriu após a gastro é tanta, que às vezes fica até difícil "se segurar". "Tenho um orgulho imenso em mostrar, para quem quiser ver, as duas fotos que guardo na bolsa do 'antes' e 'depois' do emagrecimento", diz sorridente e conclui: "Minha vida ganhou novo fôlego! Sou uma pessoa mais feliz e completa".

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