quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Mais uma vítima do SUS.

O sofrimento de seis anos parece não ter fim para a desempregada Anna Carolina da Silva e Silva, 30 anos. Depois de ter marcada uma cirurgia bariátrica – mais conhecida como cirurgia de redução de estômago – pela Secretaria Municipal de Saúde, em Campos, ela luta hoje para reaver o direito ao procedimento cirúrgico, não realizado devido a um acidente de carro cinco dias antes.Com obesidade mórbida desde 2002, Anna Carolina, que precisou abrir dois processos na Secretaria Municipal de Saúde para a realização da cirurgia, não entende como, depois de garantir que poderia remarcar a operação, a mesma secretaria a tenha orientado a entrar na fila do SUS para conseguir ser operada. “Eles já haviam liberado a verba para a cirurgia, mas arquivaram o processo de ajuda de custo. Agora mandam que ela vá ao Rio para fazer o cadastro no SUS e entre numa fila com mais de três mil pacientes. Isso é um absurdo”, desabafou um amigo da paciente, o servidor público Carlos André Gonçalves, 26.De acordo com André, assim que a amiga sofreu o acidente de carro, ele esteve na Secretaria de Saúde para buscar orientação sobre o procedimento a ser feito após a recuperação de Anna Carolina e foi informado por funcionários de que a cirurgia poderia ser remarcada. No entanto, ao retornar dias depois, a orientação foi outra. “Não temos mais a quem procurar. Já procurei o prefeito, mas ele manda procurar Rodrigo Quitete (secretário de Saúde) e nada é resolvido”.A peregrinação de Anna Carolina pela cirurgia de redução de estômago começou em 2004 com o processo 7021/2004. Segundo a desempregada, com o sumiço da documentação, um novo processo foi aberto em 20 de dezembro de 2005. Foi a partir dele que a paciente conseguiu a autorização da cirurgia para nove de abril do ano passado. No entanto, um acidente de carro cinco dias antes adiou seus planos.“Na época que procurei a secretaria, as cirurgias eram realizadas em Itaperuna. Eu cheguei a ir para lá, mas só fiz exames. No final de 2006, a prefeitura firmou convênio com um médico daqui de Campos e 16 pessoas fizeram a cirurgia já no município. Dessas, muitas abriram processo depois de mim e até mesmo depois de feita a cirurgia”, salientou Anna Carolina.A reportagem de O Diário procurou a assessoria de Imprensa da Secretaria de Saúde, que não foi localizada.
Problema psicológico e social
Pesando 146 quilos, Anna Carolina sente os efeitos da doença que já é considerada problema de saúde pública. Hipertensa, não consegue emprego, sofre de ansiedade, depressão e síndrome do pânico. “Eu tenho laudos de nutricionista, de psicólogo e de outros médicos, porque a obesidade é pra mim um problema psicológico e social”, acentuou.

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